mariana fala...

Terminei agora de editar e postar sobre a leitura dos 12 anos, e quis comentar algumas coisas, mas elas são tão tão tão baseadas em impressões de agora, que não consegui colocar no texto sobre a leitura em si.

A primeira coisa que se destacou para mim enquanto eu escrevia o relato dos 12 anos é o quanto eu tinha uma visão extremamente rígida sobre estrutura narrativa. Minha visão da Gwenhwyfar e da Morgana eram absolutamente dicotômicas porque não é possível encaixar as duas em posições pré-determinadas de vilã e de mocinha. Essa não é a relação delas, mas era o que eu buscava naquela leitura: entender quem era do bem e quem era do mal.

Interessante eu notar isso agora, porque coloca uma perspectiva que hoje admiro nas obras que consumo: personagens com profundidade e contradições. Ponto para a autora.

Um outro comentário, que só é possível quando eu coloco minhas impressões em perspectiva é sobre minha religiosidade. Aos 14 anos me tornei ateia. Em algum momento no meio da adolescência, me tornei agnóstica. Anos mais tarde, ainda agnóstica, comecei a estudar magia e praticar neopaganismo. Hoje eu volto a me considerar agnóstica, mas definitivamente acredito em magia.

Com isso, eu quero chegar no seguinte: eu acredito que essa leitura d'As Brumas me plantou uma sementinha de curiosidade sobre o que poderia existir para além do ambiente cristão em que fui criada.

Esse, aliás, é um vilão nítido do livro: o cristianismo (não os cristãos, a narrativa não condena pessoas cristãs, de forma alguma, e sim o cristianismo e seus princípios). Eu era muito beatinha, muito criada dentro do catolicismo, e mesmo que eu já tivesse vários questionamentos internos, eu era uma "boa menina": obedecia e não verbalizava minhas questões.

A leitura desse livro expandiu os meus questionamentos, mesmo com a resposta desencorajadora da minha mãe. Ela disse que não existia mais, mas, bem, não existir mais quer dizer que já existiu, então imagina que legal se...?

Mais ponderações sobre a leitura dos 12 anos

Edit 28/01/2024

Mudei o título das ponderações para "Mariana Fala..."